Planaltina Roseana
Xiko Mendes (da APL)
Como se sabe, o escritor mineiro Guimarães Rosa
(1908-1967), assim como Euclides da Cunha, Afonso Arinos e Bernardo Elis, é um
dos magos intérpretes do Brasil profundo ou sertão indômito. Autor de obras
conhecidas mundialmente como “Sagarana”
e “Noites do Sertão”, Rosa é,
sobretudo, conhecido pelo seu romance “Grande
Sertão: Veredas”, publicado em 1956, ano em que o Presidente JK iniciou a
construção de Brasília, modernizando o sertão ou “sertanejando” a modernidade para o interior. Rosa
assim se refere a Planaltina antes de Brasília:
“Gente boa, a do
Ão, lugar de lugar. Senhor Zosímo, o fazendeiro goiano, desarmou desdém,
reconhecendo que se podia gostar demais dali. Esse tinha feito a Soropita, a sério,
uma proposta: berganhar aquilo por sua grande fazenda, dele, cinco tantos
maior, em Goiás, fundo de rumo de Planaltina.
(...). O Campo Frio, se chamava.
(...). Senhor Zosímo era homem positivo, tinha sido de tudo, até amansador de
cavalos, peão. (...). era mineiro também, arranjara aquela fazenda em Goiás por
simpleza do destino” (In: Rosa,
Guimarães. Noites do Sertão, 9ª ed.,
Rj, Editora Nova Fronteira, 2001, p. 41-42).
Esse texto é um trecho do conto “Lão-Dalalão ou Dão-Lalalão”.
E precisaríamos fazer um rigoroso estudo roseano
de arqueologia fundiária para localizarmos a fazenda Campo Frio, nos
domínios do atual Distrito Federal, mas certo é que ficamos orgulhosos dessa
citação em obra que exalta o talento literário de Guimarães Rosa, escritor que
é Patrono da Cadeira nº: 32 de nossa Academia Planaltinense de Letras (APL).
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